Com direito de preferência na compra de participações adicionais nos projetos, as duas petroleiras não foram convidadas a apresentar, num primeiro momento, ofertas pelos ativos da estatal.

As empresas,contudo, destacam que vão avaliar, mesmo que com cautela, uma possível contraproposta. E independentemente do novo operador dos projetos, dizem, aguardam definições sobre o futuro dos investimentos nas duas áreas.

 

"Estamos sentados aqui na arquibancada, na sombra, esperando o que vai acontecer", disse Lincoln Rumenos,presidente da QGEP, que detém uma fatia de 10% em Carcará (BM­S­8), em sociedade com a Petrobras (66%), Galp (14%) e Barra Energia (10%).

 

O discurso é parecido com o da portuguesa Galp, sócia da estatal tanto em Carcará quanto Júpiter (BM­S­24),onde detém 20%. O presidente da petroleira, Carlos Gomes da Silva, disse que a empresa tem acompanhado com atenção os desdobramentos do plano de desinvestimentos da Petrobras e que vai avaliar, na hora devida, uma possível oferta pelas áreas.

 

"Estamos monitorando o que está acontecendo no Brasil. Se, e quando for tomada qualquer tipo de ação [pela Petrobras] em relação a esses dois ativos, vamos estar preparados para tomar uma decisão. Já antecipamos que a Galp está interessada o suficiente em todos os ativos que temos no Brasil, como Carcará e Júpiter. Se houver alguma oportunidade de aumentar a exposição da Galp [nos projetos], vamos considerá­la", disse Silva, durante teleconferência com analistas, na segunda­feira.

 

Rumenos, da QGEP, conta que a empresa enviou à Petrobras uma carta manifestando interesse em participar do processo de venda de ativos da estatal, mas sinalizou que a empresa não necessariamente fará propostas por Carcará. O executivo ressalva que uma oferta pela fatia da Petrobras deve demandar altos volumes de investimento e que a decisão de aumentar sua exposição ao projeto precisa ser avaliada com cautela.

 

"Estamos aguardando bem tranquilos que oferta eventualmente a Petrobras terá [pelo ativo] e se isso faz sentido para uma companhia como nós. Provavelmente imaginamos que sejam transações altas e, sem dúvida, qualquer incremento tem de ser olhado vis a vis o investimento futuro que teremos [em Carcará]", afirmou Rumenos. "Mas faz sentido olharmos com carinho para ver se compensa, se não no todo, pelo menos em parte", complementou.

 

O executivo minimiza o fato de a Petrobras ter convidado apenas as grandes petroleiras a apresentarem ofertas pelos seus ativos e se mostrou favorável à decisão da estatal de buscar um novo investidor. "Obviamente, se vier alguém de músculo para se juntar [ao consórcio] e fixar um prazo para o primeiro óleo [de Carcará], isso é muito bom", reforça Rumenos.

 

Já Carlos Gomes destaca que a chegada de um novo operador em Júpiter, com fôlego financeiro para investir no projeto "faz sentido", sobretudo num projeto que demandará uma solução técnica complexa para lidar com os altos índices de CO2. "Vamos precisar encontrar uma solução técnica para esse fantástico reservatório. Os próximos anos serão [focados] nesse desafio", disse o executivo.