Rio de Janeiro (RJ) - Em nota divulgada nesta quinta-feira, a Petrobras confirmou a contratação de duas empresas independentes especializadas em investigações, a brasileira Trench, Rossi e Watanabe Advogados e a americana Gibson, Dunn & Crutcher LLP, para apurar denúncias de corrupção feitas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, “bem como apurar fatos e circunstâncias correlatos que tenham impacto material sobre os negócios da companhia”.
Na última segunda-feira, a Petrobras já havia informado ao mercado que contratou duas empresas independentes para investigar as denúncias de Costa, feitas no acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava-Jato. Costa disse que verbas desviadas da Petrobras eram repassadas a políticos de PT, PMDB e PP.
Uma das empresas de advocacia mais tradicionais dos Estados Unidos, a Gibson, Dunn & Crutcher, segundo fontes da área, é especialmente respeitada na área de litígios, mas tem vasta experiência em investigações como a que deve ser feita na estatal brasileira.
Foi fundada em Los Angeles em 1890 e tem, hoje, mais de 1,1 mil advogados espalhados por 18 escritórios pelo mundo, de Pequim a São Paulo. Famosa pelo amplo escopo de atuação, a Gibson conta com um Grupo de Energia, Regulamentação e Litígios, dedicado a complexos processos e investigações no setor.
A área voltada para questões industriais de Energia e Infraestrutura tem 40 advogados especialistas em questões industriais, comerciais, financeiras e políticas inerentes à operação de grandes companhias do setor.
Entre os clientes da Gibson, Dunn & Crutcher está a Chevron, uma das maiores da área de petróleo no mundo, que representou em múltiplos litígios nos Estados Unidos. No mais recente, em maio, a Gibson conseguiu provar, após extensa apuração, que um advogado americano recorreu a “meios corruptos” para conseguir um veredicto contra a Chevron num processo de US$ 9 bilhões relacionado a poluição no Equador. Foi um revés para moradores de uma região do interior do país que esperavam receber um pagamento.
Procurada pelo GLOBO, a empresa não respondeu se vai enviar profissionais ao Brasil ou se a operação será feita pelo escritório de São Paulo. A Gibson já defendeu mais de cem casos na Suprema Corte dos Estados Unidos. As especialidades da empresa — que representa a Apple, o Wal-Mart e o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg — incluem áreas como tecnologias emergentes e entretenimento.
A contratação de investigadores independentes pela Petrobras atende à regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Securities and Exchange Commission (SEC), dos EUA. A Petrobras quer ouvir Paulo Roberto Costa nas investigações internas sobre irregularidades nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio.
A comissão interna da estatal quer saber que assuntos foram tratados em reuniões em 2006, às vésperas da aprovação do projeto da refinaria Abreu e Lima, da qual participaram Costa, Renato Duque e o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabriellli. Outra pergunta é sobre as razões de ter sido aumentado o valor do projeto, revisado para US$ 4 bilhões em dezembro de 2006.
Fonte: O Globo
|