"Estamos trabalhando para fazer uma oferta", disse Mauro Campos, presidente da Rio Nave, empresa que aluga parte da área do antigo Caneco. Campos não adiantou, porém, se a oferta será feita diretamente pelo Rio Nave ou por outra pessoa jurídica e se há outros parceiros envolvidos.

 

Se ganhar, Campos pretende usar a área, um terreno de 135 mil metros quadrados de frente para a Baía de Guanabara, para desenvolver projetos de construção de navios. Além de bens imóveis, o Caneco possui uma série de equipamentos como guindastes, pontes rolantes e linha de tratamento de chapas, entre outros. Antes do primeiro leilão, Campos disse que a Rio Nave planejava investir entre US$ 80 milhões e US$ 100 milhões para aumentar a produtividade.

 

No mercado, persistem, porém, dúvidas sobre o futuro do Caneco. A razão dessa incerteza relaciona-se com um decreto publicado pela Prefeitura do Rio, em julho, desapropriando a área do estaleiro, situado no bairro do Caju, na zona portuária do Rio. O decreto determinou a desapropriação do Caneco em favor da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), empresa de capital misto vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio.

 

A massa falida do Caneco obteve, em julho, decisão liminar na Justiça Federal suspendendo o decreto, mas a Procuradoria Geral do Município (PGM) do Rio foi clara em afirmar que continuará a defender a desapropriação da área. Em nota, a PGM afirmou: "A Procuradoria aguarda a decisão judicial em relação ao processo. O decreto que declara a área [do Caneco] de utilidade pública para efeito de desapropriação não foi revogado e o município do Rio de Janeiro sustenta a possibilidade de se desapropriar o domínio útil do imóvel. Não cabe tomar nenhuma medida em relação a um possível leilão, justamente porque entendemos ser possível a desapropriação do domínio útil do imóvel".

 

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado disse que a Codin vai aguardar o resultado do leilão para definir os próximos passos. A expectativa do Estado é positiva em relação ao leilão. Espera-se que agora apareça um comprador que permita transformar o Caneco em um novo polo de construção naval. O terreno do Caneco é uma das poucas áreas ainda disponíveis na Baía de Guanabara para atender a construção naval e "offshore", segmento ligado à indústria de petróleo e gás.

 

Fonte interessada no estaleiro disse que a discussão sobre o decreto de desapropriação funciona como um "fator inibidor" para ofertas pela área. Ainda segundo a fonte, embora o edital fale em alienação pela melhor oferta, o preço mínimo aceitável seria de metade da avaliação de R$ 417 milhões, algo como R$ 209 milhões. Procurado, o administrador judicial da massa falida do Caneco, Bruno Rezende, não retornou as mensagens. O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) confirmou para amanhã a realização do pregão.

 

O prazo para entrega das propostas encerra-se hoje às 18h na 5ª Vara Empresarial do Tribunal, onde tramita o processo de falência do Caneco. As propostas serão abertas amanhã, em audiência pública em uma sala do TJ-RJ. Se houver mais de uma proposta, pode haver realização de lances orais entre os participantes.